Devemos guardar o sábado, o domingo ou nenhum dos dois?
por: Antonio Júnior
Tenho ouvido muitos cristãos afirmarem que os Dez Mandamentos são atemporais e que devem ser respeitados por todas as igrejas. Outros, vão além, ao dizerem que a guarda do sábado foi substituída, após a ressurreição de Jesus, pela guarda do domingo. Por isso, antes de falar qualquer coisa sobre guardar o domingo, é preciso deixar bem claro que o mandamento que diz respeito à guarda do sábado é exclusivo para o povo de Israel! (Leia: O cristão deve guardar o sábado?). Os israelitas passaram a observar esse dia após a saída do Egito, referindo-se ao descanso do Senhor, assim que concluiu a Criação. Ao contrário do que alguns dizem, Deus não guardou o sétimo dia, mas descansou (Gênesis 2:1-3).
Segundo a Bíblia, existem três povos na terra: os judeus, os gentios e a Igreja de Deus (1 Coríntios 10:32). É preciso entender que nem todas as ordens de Deus para o povo de Israel se estendem à Igreja. Alguns mandamentos foram destinados apenas a Israel, e esse é o caso da guarda do sábado, registrada em Êxodo 20:8. Deus queria que o seu povo repousasse dos seus trabalhos e usassem os sábados somente para adorá-Lo. O dia também foi separado para que aquelas pessoas se lembrassem que foram tiradas do Egito com a mão poderosa de Deus (Deuteronômio 5:15).
Algumas pessoas guardam o sábado até hoje, como se fizessem parte do povo de Israel, e priorizam esse mandamento em relação aos outros deixados por Deus. Elas crêem que a guarda do sábado se aplica a todas as pessoas, em todos os tempos, alegando que essa ordem já era respeitada antes mesmo de sua confirmação, no Sinai (Êxodo 16:23). Na verdade, todos os Dez Mandamentos já eram observados pelo povo de Israel (e não apenas um) antes de sua confirmação no monte Sinai, pois Deus já falava com o povo através de Moisés (Êxodo 3:19). Esse fato, porém, não torna os mandamentos atemporais e aplicáveis a todos os povos.
A forma de culto e o Tabernáculo também foram dados por Deus a Moisés no monte Sinai (Êxodo 21:31). E o Senhor alertou: "Tenha o cuidado de fazê-lo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte" (Êxodo 25:40). Isso quer dizer que esse grupo que defende a guarda do sábado deveria respeitar tudo o que foi dito no Sinai, do modelo de templo às vestes sacerdotais, das festas aos sacrifícios.
Jesus Cristo, o nosso modelo (1 João 2:16; 1 Coríntios 11:1), buscava não violar o sábado (Lucas 4:16), no entanto, Ele não estava preso à lei de Moisés (Marcos 3:1-4). Afinal, "a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (João 1:17). E Ele, que é o Senhor do sábado, disse que este dia foi feito por causa do homem (Marcos 2:26-28), nos estimulando a ter domínio sobre o sábado. Então, no período da graça, não precisamos guardar o sábado, como o povo de Israel. A Igreja de Cristo não está debaixo da lei de Moisés (Romanos 6:14; Lucas 16:16; Gálatas 4:1). A Bíblia afirma: "ninguém vos julgue (...) por causa dos (...) sábados, que são sombras das coisas futuras" (Colossenses 2:16-17). Dos Dez Mandamentos dados ao povo de Israel através de Moisés, nove foram repetidos no Novo Testamento, se estendendo à Igreja de Cristo. No entanto, não menciona nada sobre a obrigação de se guardar o sábado.
Desde o primeiro século, a Igreja adotou o domingo (dia da ressurreição de Jesus) como dia no qual deve se dedicar ao Senhor e à sua obra. Entretanto, não vemos em nenhuma passagem do Novo Testamento um mandamento semelhante ao que foi destinado ao povo de Israel. Isso quer dizer que também não precisamos guardar o domingo!
Para o povo de Israel, não guardar o sábado significava quebrar a aliança de Moisés (Isaías 56:4-6; Êxodo 31:15). Já para a Igreja, não cultuar a Deus no domingo ou em qualquer outro dia, não significa quebra da aliança com o Senhor. Isso, no máximo, revela negligência daquele que deixa de ir ao culto por algum motivo (Efésios 5:14-16).
É claro que precisamos de pelo menos um dia de descanso por semana, para cuidarmos do "templo do Espírito Santo" (1 Coríntios 3:16-17; 6:19-20). E esse dia, para a maioria de nós, é o domingo, dia no qual também louvamos e adoramos ao Senhor, estudamos a Sua Palavra, anunciamos o evangelho, etc. No entanto, isso não faz do domingo o mesmo que o sábado foi para o povo de Israel. O cristianismo não é ritualista, cerimonialista ou legalista!
Mas, por outro lado, existe o chamado "crente domingueiro", que não participa de nada relacionado a Deus durante toda a semana (por negligência), e aparece no templo aos domingos, como se isso fosse uma obrigação a ser cumprida. Paulo afirma em Romanos 15:4 que "tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar", então, embora o mandamento da guarda do sábado tenha sido ordenado apenas para os israelitas libertos da escravidão no Egito, nós cristãos podemos também dedicar pelo menos um dia da semana para servir e adorar ao Senhor. Podemos, então, nos reunirmos aos domingos, não por causa da tradição, e sim com a intenção de separarmos um tempo exclusivo para Ele.
Baseado no texto do Pr. Ciro Sanches
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